Apesar de ter lido o livro várias vezes, David contou que optou por deixá-lo de lado na hora de escrever o roteiro para ter certeza de que colocaria nele somente as suas impressões. A ideia era criar algo totalmente novo, que tivesse a sua própria marca. Deu certo: Sant'Anna não só aprovou o resultado, como também se sentiu tentado em usar o filme para corrigir o que não gostava no livro. Processo que fica claro na tela, quando assistimos, em meio à ficção, cenas em que diretor, escritor e atores debatem os rumos da obra e o que esperam dela.
Recurso que David encontrou para dar conta de um dos aspectos mais fortes do livro, que é sua escrita em forma de atos, como se fosse uma peça de teatro. A escolha de três atrizes para interpretar a personagem principal, segundo o diretor, também foi uma opção para trabalhar essa peculiaridade... E o público ficou surpreso ao saber que, mesmo sem patrocínio, David rodou o filme todo três vezes, um para cada atriz: a ideia era ter material suficiente para escolher as melhores tomadas de cada uma e montar o produto final.
A falta de recursos também foi um dos assuntos levantados durante o debate. Totalmente independente, o filme foi rodado de madrugada porque era o único período do dia em que atores e equipe de produção podiam se dedicar ao projeto, já que todos trabalhavam em outros lugares... David falou que a única coisa que prometeu a todos era que o filme seria lançado!
Por fim, alguém perguntou o que era mais fácil: ser roteirista ou diretor? David respondeu que, modéstia a parte, ele tinha certeza de que escreve bem... Já dirigir, não faz a mínima ideia. Mas garantiu, brincando, que ser diretor é moleza: basta chegar no set e responder as perguntas que a equipe faz. Simples assim.