15.11.09

Post de despedida (pelo menos por enquanto!)

Quem frequenta o compulcine já deve ter reparado que a gente parou de atualizar o blog... E isso aconteceu por um motivo simples: tivemos que interromper o projeto. Mas não definitivamente! Começamos em agosto com o ciclo "Festa"na Editora Multifoco, em setembro fizemos o "Cinema e literatura" no Cinema Nosso e em outubro retornamos ao local de origem para exibir filmes que já tinham passado em edições antigas do Festival do Rio, mas que nunca entraram em cartaz. A ideia era apostar num ciclo em homenagem ao Polanksi em em novembro, mas esbarramos na dificuldade de conseguir um espaço disponível para abrigar o projeto. Conclusão: achamos melhor dar um tempo e voltar só em janeiro, depois que toda a confusão de fim de ano passar. Mas planejamos continuar atualizando o Twitter com coisas legais sobre cinema... E em breve esperamos postar aqui a notícia de que estamos de volta, num lugar bacana, com um ciclo mais bacana ainda.

Então até lá!

27.10.09

Cada chá tem um gosto

O diretor japonês Katsuhito Ishii e seu belo filme "O gosto do chá" fecham nesta terça-feira o ciclo de filmes exibidos por aqui durante o Festival do Rio e que nunca chegaram ao circuito. O diretor, que é mais conhecido pela direção da sequência de animação do filme "Kill Bill", de Quentin Tarantino, retrata em "O gosto do chá" o cotidiano de uma família numa zona rural no Japão. De forma delicada, lúdica e muitas vezes surreal, o diretor mostra, mais do que a vida em família, o universo vivido intimamente por cada um de seus membros, sejam eles a menina que precisa superar um obstáculo, o adolescente que vive sua primeira paixão ou o avô excêntrico.

Uma bela forma de conhecer um pouco mais do diretor e do filme é ler a crítica publicada pela revista Contracampo, neste link.

É nesta terça-feira, dia 27, a partir das 20h30, na Editora Multifoco. Na Avenida Mem de Sá 126, na Lapa. Entrada franca! Informações: 2222-3430.

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Ah, e quem vai ao compulcine ganha brinde! Nesta terça-feira, quem comparecer à sessão ganha um par de ingressos para assistir "Velhas guardas - os encontros". O documentário de Joatan Berbel mostra os rituais dos encontros das velhas guardas das escolas de samba do Rio e estreia no dia 30, no Cine Glória.

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Só mais uma: o compulcine elaborou um podcast afetivo, íntimo e pessoal só com músicas de trilhas sonoras de filmes, especialmente para os amigos do baile Curinga. É o "Soundtrack Feelings"! Vai lá ouvir!

18.10.09

Sob controle: a filha do mestre em ação

Estilização da violência, belo uso de saturações e cores, trilha sonora certeira, leve clima surreal... não, não estamos falando do mestre supremo David Lynch, mas de sua cria. É Jennifer Lynch voltando a dirigir um longa-metragem 15 anos depois de sua estréia com "Encaixotando Helena". Em "Sob controle", exibido ano passado no Festival do Rio e atração da próxima terça-feira no compulcine, ela narra a história de um casal de agentes do FBI - vividos por Julia Ormond e Bill Pullman - que chega a uma cidade do interior para investigar uma chacina.

A principal força do longa está na narrativa. A história vai sendo contada através dos depoimentos contraditórios de testemunhas e, principalmente, do que elas não falam. A tensão e os sustos obrigatórios aos filmes do gênero estão lá, mas a diretora consegue ir além ao amarrar as histórias, interligar todos os personagens e deixar o espectador no escuro, já que vamos descobrindo os pormenores da história junto com os detetives. A premissa pouco original acaba por revelar um filme esperto, irônico, com altas doses de humor negro. Jennifer aprendeu diretinho em casa.

É na próxima terça-feira, dia 20, às 20h30. Na Editora Multifoco, na Av. Mem de Sá 126, Lapa. Entrada franca!

10.10.09

Tempos que não voltam mais

O nome já dá uma pista: "Nosso amor do passado" (Conversations with other woman, 2005) é um filme sobre reencontro. Numa festa de casamento, o irmão da noiva (interpretado por Aaron Eckhart) e a dama de honra (Helena Bonhan Carter) falam sobre suas próprias vidas e relembram o casal que já foram um dia. Além dos diálogos afiados, um dos grandes trunfos do longa, exibido por aqui no Festival do Rio de 2006, é o recurso de tela dividida, em que o espectador acompanha, lado a lado, o que aconteceu no passado e o que está por vir no presente.
Poderia ser mais uma comédia romântica se o tal amor do título já não tivesse acabado. No filme de Hans Canosa, o espectador é convidado a reconstruir, junto com os dois, as lembranças de uma relação que fracassou. O que não impede que um certo lamento se instale no ar, afinal, ambos não parecem muito felizes com seus atuais respectivos: ele namora uma bailarina mais jovem, enquanto ela é casada com um médico que vive em Londres e madrasta de três enteadas. Mas o que fazer quando o tempo e as escolhas parecem nos dizer que já é tarde demais?

A exibição acontece nesta terça, dia 13, na Editora Multifoco, que fica na Avenida Mem de Sá 126, na Lapa. É grátis!

2.10.09

O Festival do Rio continua - pelo menos em espírito - em outubro!

O Festival do Rio já está quase no fim, mas quem quer continuar no clima do evento que é o queridinho dos cinéfilos cariocas não pode perder a programação do compulcine neste mês de outubro. O ciclo "Festival do Rio" vai exibir quatro filmes que foram sucesso na mostra nos últimos anos mas nunca entraram no circuito comercial. Enquanto isso, voltamos a ocupar o espaço da Editora Multifoco, renovada depois das obras que rolaram em setembro.

A programação começa na próxima terça, dia 6 de outubro, com "O jogador de cartas", do mestre do terror italiano Dario Argento. O filme narra a perseguição da polícia de Roma a um serial killer que desafia a polícia para um pôquer virtual: se ele perder, a vítima é libertada; se ganhar, transmite o vídeo do assassinato pela internet.

Nas semanas seguintes, teremos ainda os filmes "Nosso amor do passado", de Hans Canosa, "Sob Controle", de Jennifer Lynch e "O gosto do chá", de Katsuhito Ishii. E voltamos também a promover a nossa festa de encerramento, com DJs convidados! Mais detalhes em breve!

A Editora Multifoco fica na Avenida Mem de Sá 126, na Lapa. A partir das 20h30, com entrada franca! Informações: 2222-3430.


Confira a programação completa

06/10 - "O jogador de cartas", Dario Argento

13/10 - "Nosso amor do passado", Hans Canosa

20/10 - "Sob controle", Jennifer Lynch

27/10 - "O gosto do chá", Katsuhito Ishii



27.9.09

Debate em resumo

Como prometido, vamos resumir nesse post como foi o debate com o David França Mendes, diretor do longa "Um romance de geração", que exibimos na última edição do compulcine, no dia 22 de setembro. O bate papo durou mais ou menos uma hora e foi repleto de perguntas sobre o processo de adaptar uma obra literária (no caso o livro homônimo, do escritor Sério Sant'Anna) para o cinema.
Apesar de ter lido o livro várias vezes, David contou que optou por deixá-lo de lado na hora de escrever o roteiro para ter certeza de que colocaria nele somente as suas impressões. A ideia era criar algo totalmente novo, que tivesse a sua própria marca. Deu certo: Sant'Anna não só aprovou o resultado, como também se sentiu tentado em usar o filme para corrigir o que não gostava no livro. Processo que fica claro na tela, quando assistimos, em meio à ficção, cenas em que diretor, escritor e atores debatem os rumos da obra e o que esperam dela.
Recurso que David encontrou para dar conta de um dos aspectos mais fortes do livro, que é sua escrita em forma de atos, como se fosse uma peça de teatro. A escolha de três atrizes para interpretar a personagem principal, segundo o diretor, também foi uma opção para trabalhar essa peculiaridade... E o público ficou surpreso ao saber que, mesmo sem patrocínio, David rodou o filme todo três vezes, um para cada atriz: a ideia era ter material suficiente para escolher as melhores tomadas de cada uma e montar o produto final.
A falta de recursos também foi um dos assuntos levantados durante o debate. Totalmente independente, o filme foi rodado de madrugada porque era o único período do dia em que atores e equipe de produção podiam se dedicar ao projeto, já que todos trabalhavam em outros lugares... David falou que a única coisa que prometeu a todos era que o filme seria lançado!
Por fim, alguém perguntou o que era mais fácil: ser roteirista ou diretor? David respondeu que, modéstia a parte, ele tinha certeza de que escreve bem... Já dirigir, não faz a mínima ideia. Mas garantiu, brincando, que ser diretor é moleza: basta chegar no set e responder as perguntas que a equipe faz. Simples assim.

24.9.09

Impressões e o resultado da rifa

Fechamos muito bem o ciclo "Cinema e literatura" com a exibição de "Um romance de geração" e o debate com o diretor, David França Mendes. Ele falou sobre o processo de adaptação do livro de Sérgio Sant'Anna, as dificuldades de produzir um filme totalmente independente e sobre essa sua primeira experiência solo na direção. Foi bem bacana! Ainda esta semana postamos aqui um resuminho com os destaques do debate para quem perdeu.

E já que todos estarão no Festival do Rio mesmo, o compulcine interrompe por uma semana sua programação e, portanto, não teremos sessão no dia 29 de setembro! Em 6 de outubro, de volta à Editora Multifoco, estreamos o novo ciclo, que vai exibir longas que passaram pelo Festival do Rio em anos anteriores mas nunca chegaram ao circuito comercial. Fiquem ligados no blog e no Twitter, onde em breve divulgaremos a programação completa!

A sessão dessa terça marcou também o sorteio da rifa de 5 DVDs. O sortudo que levou para casa a nossa seleção internacional de filmes foi o Nelson Vasconcelos, que poderá ver (ou rever), no conforto do lar, "Acossado", de Jean-Luc Godard, "Era uma vez no Oeste", de Sergio Leone, "O sétimo selo", de Ingmar Bergman, "Laranja mecânica", de Stanley Kubrick e "O império dos sentidos", de Nagisa Oshima. A entrega foi feita hoje mesmo e registramos o feliz ganhador com suas novas aquisições, como vocês podem ver na foto abaixo.


18.9.09

Uma aula de adaptação

Se você conhece o trabalho do roteirista David França Mendes e ainda gosta dos livros do escritor Sérgio Sant'Anna, tem dois bons motivos para aparecer na próxima sessão do compulcine. Para encerrar o ciclo "Cinema e literatura", vamos exibir o filme "Um romance de geração" (2008), primeiro longa de David como diretor, elaborado a partir do livro homônimo de Sant'Anna.

Nada mais apropriado, já que o filme aproxima a câmera de um escritor em crise. Após publicar um livro aclamado pela crítica, Carlos Santeiro (interpretado por Isaac Bernat) é esquecido pelo público e se entrega à bebida e ao jogo. Mas vê uma chance de recuperar sua notoriedade quando uma jornalista (vivida por três atrizes: Lorena da Silva, Nina Morena e Susana Ribeiro) decide entrevistá-lo.

A sinopse transmite apenas uma ideia do que será visto na tela, já que o filme inova em formato ao mostrar atores, diretor e escritor lado a lado, discutindo os rumos da obra, como se fosse uma peça de teatro. O resultado é quase uma aula sobre adaptação de literatura para cinema, tema que será discutido, após a sessão, pelo próprio David França Mendes, que aceitou o nosso convite para participar de um debate. Eis o terceiro bom motivo para você não perder!

Quem já foi, sabe: a sessão começa pontualmente às 20h30 no Espaço Cinema Nosso, que fica na Rua do Rezende 80, Lapa. A entrada é franca.

9.9.09

Um mergulho na piscina de François Ozon

Escritora de romances policiais em crise criativa refugia-se em casa de varaneio afastada para escrever seu próximo romance, mas tem sua tranquilidade abalada com a chegada da filha do dono da casa. A sinopse pode não parecer das mais atraentes, mas o grande trunfo de "Swimming pool - à beira da piscina", de François Ozon, está no seu elenco. A diva francesa Charlotte Rampling e a jovem talentosa Ludivigne Sagnier estão brilhantes em cena e exibem uma química indiscutível nos papéis da escritora séria e reprimida/ adolescente libertária e despudorada cujo conflito é a grande mola propulsora do filme.

O longa, atração do compulcine na próxima terça-feira, veio logo depois de "8 mulheres", um dos mais aplaudidos trabalhos do diretor. A trama tem um quê de drama psicológico e análise da sexualidade feminina com mais uma dose de suspense e um desfecho que, apesar de surpreendente, não deve ser encarado como a grande sacada do filme. Melhor é a bela direção de Ozon no embate constante entre as duas personagens e na maneira como relata o processo criativo da escritora.

Além de todos os motivos "sérios" listados acima, os marmanjos ainda têm mais um motivo para conferir "Swimming pool": a beleza das duas atrizes, que é explorada o tempo inteiro pelo diretor, seja nas cenas de sexo ou nos desfiles de Sagnier seminua à beira da piscina.

Na próxima terça-feira, dia 15 de setembro, no Espaço Cinema Nosso, na Rua do Rezende 80, na Lapa (veja o mapa). O filme começa às 20h30m. E é grátis!

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Mais uma novidade é que fechamos a programação da última sessão do ciclo "Cinema e literatura". Vamos exibir o longa "Um romance de geração", de David França Mendes. Adaptação do livro homônimo de Sérgio Sant'Anna, o filme conta a história de um escritor em crise criativa e, em meio à ficção, exibe também cenas de Mendes, Sant'Anna e dos atores ensaiando, mostrando a dificuldade de transpor o romance para as telas. Após a exibição, haverá um debate com o diretor.

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E ainda está rolando a venda de rifas do nosso box internacional de DVDs! Os filmes em jogo são "O sétimo selo", do sueco Ingmar Bergman, "Laranja mecânica", do americano Stanley Kubrick, "Acossado", do francês Jean-Luc Godard, "Era uma vez no Oeste", do italiano Sergio Leone, e "O império dos sentidos", do japonês Nagisa Oshima. Vamos vender os números ainda nas próximas duas sessões, nos dias 15 e 22. Tudo isso pela módica quantia de R$ 3. Quem não puder ir a nenhuma das duas exibições, entra em contato pelo compulcine@gmail.com que a gente dá um jeito!

5.9.09

Quando a ordem é queimar papel

O segundo filme do ciclo "Cinema e Literatura", do compulcine, não vai falar de roteiristas com dificuldade para adaptar um livro ou de escritores com bloqueio criativo.
Dirigido por François Truffaut, "Fahrenheit 451" (1966) vai mais além: mostra como seria o mundo se não houvesse literatura. Baseado no livro homônimo de Ray Bradbury, de 1953, o longa nos transporta para um estado totalitário fictício, onde os livros eram queimados por serem considerados nocivos e propagadores de infelicidade. Somos convidados a acompanhar o bombeiro Montag (Oskar Werner) em sua jornada de trabalho, que nada tem a ver com apagar incêndios, mas sim queimar livros e bibliotecas e prender amantes das letras.

Tudo vai bem até que o personagem conhece Clarisse, uma ativista da resistência (interpretada por Julie Christie), que muda sua visão sobre o que está acontecendo: Montag não só começa a ler, como também passa a se questionar sobre a atitude do governo. Há quem diga que o filme(primeiro em cores do diretor e único falado em inglês) é um dos melhores do gênero ficção científica de todos os tempos... Mas talvez o mais interessante seja perceber como, em plena década de 60, Truffaut já tentava criticar a ignorância da sociedade do consumo e do individualismo em que vivemos hoje.

A exibição será na terça, dia 8 de setembro, as 20h30, no Espaço Cinema Nosso, que fica na Rua do Rezende 80, Lapa. É grátis!